Crítica

No ritmo da vida | Falha em representação

Wallace A. Vivas
‘No ritmo da vida’ não é um fracasso, mas sim, uma tentativa fraca em representar o universo Drag Queen.
Margaret e Russel
O filme do diretor iniciante Phill Connel tenta contar uma história de amadurecimento, mas diferente de bons filmes com a premissa "coming of age" - estilo de narrativa em que um personagem jovem passa pelo amadurecimento - o filme de Connel é só mais um estudo de personagem que carece de desenvolvimento e profundidade.
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Nos momentos iniciais que antecedem a abertura de ‘No Ritmo da Vida’, há três cenas que representam bem a narrativa do filme. A personagem Margaret (Cloris Leachman), tenta acender um fósforo. E uma, duas, três vezes. E nada; nisso o telefone toca, ouvimos uma chamada entre ela e seu neto ecoar pela casa. Com o gás ligado, o fogo do fósforo se acende e tudo parece pegar fogo; e, por fim, vemos uma balada tocando música pop. Sendo a cena de abertura do filme, é curioso pensar que o momento de “maior tensão” de ‘No Ritmo da Vida’ não tem relação nenhuma com a temática principal.

O drama canadense com pitadas de humor conta a história de Russell (Thomas Duplessie). Aspirante a ator, infeliz, ainda à espera de seu grande papel, mas que deixou uma cidade pequena com o namorado, Justin (Andrew Bushell), para tentar a vida em Toronto. Mas as coisas acabam dando erradas quando Justin diz a Russell que deveria deixar "os shows de variedade gays" de lado e voltar a atuar, o rapaz fica ofendido, abandona a casa, o companheiro e tudo o que construiu.
Russell (Thomas Duplessie)
Desiludido, ele decide voltar para sua cidadezinha natal e viver com sua avó no campo; mulher essa que necessita de acompanhamento, mas que resiste à ideia de ir para uma casa de repouso, como quer a sua filha. E em meio a companhia da mãe e da avó, Russel descobre que as coisas mudaram um pouco desde que ele se mudou para Toronto, e agora existe uma pequena comunidade LGBTQIA+. Onde ele faz de tudo para se apresentar como uma DJ drag queen em um barzinho local, forçando um caminho ondeparece não se encaixar.
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Todos estes elementos do enredo são mornos, não conseguindo atingir a mínima conexão com o público. O filme parece querer ser um estudo de personagens, mas esses próprios personagens não possuem um pingo de densidade, e as ligações entre eles carecem de atrito.

O máximo que vemos é o embate entre mãe e filha em torno da mudança desta primeira para uma outra moradia, uma questão que é jogada na narrativa para pouco depois ser abandonada abruptamente com nenhum tipo de desenvolvimento dentro dela. Já em relação às vivências de Russell, o protagonista acaba sendo somente mais um personagem envolvido em situações rasas e que parecem soar incompletas e vazias.
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Não há absolutamente nada no longa que pareça ter um real conteúdo internalizado em si: o passado de Russell, a relação com a sua avó, a ligação dela com a sua filha, o trabalho artístico do protagonista como drag queen e o namoro dele com outro homem. Trata-se tudo de uma obra sem um drama consistente ou ação, sem uma real melancolia ou alegria.

O que dá forças para a trama, é a atriz Cloris Leachman, é divertido acompanhar essa frágil e idosa mulher passar por seus antigos sonhos, traumas e sua luta em manter o neto vivo, bem e feliz. Mas que ainda assim não é o suficiente para melhorar o enredo e a narrativa do filme.

‘No ritmo da vida’ possui boas intenções, mas acaba se perdendo, e passa a ser somente um filme monótono que parece perdido em seus enredos paralelos, como se o roteiro não soubesse aonde quer chegar.
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