arte e criatividade

Mulheres no Graffiti: A Trajetória de Amanda Pankill e o Poder da Arte Feminina nas Ruas

Wallace A. Vivas
Descubra a inspiradora trajetória de Amanda Pankill, e sua luta por mais espaço e visibilidade feminina na arte urbana.

Amanda Pankill é uma referência no graffiti brasileiro e uma das artistas que mais luta pela valorização e visibilidade das mulheres na arte de rua. Atuando desde 2002, ela não apenas construiu uma trajetória sólida e inspiradora no graffiti, mas também se tornou uma voz importante para o fortalecimento do papel feminino neste universo ainda predominantemente masculino. Em suas obras, Amanda explora temas como a liberdade e a luta feminina, sempre com uma estética inspirada em tatuagens old school, cabarés e a moda vintage, e a cada traço transforma o espaço urbano em um palco de resistência e expressão.

A história de Amanda com o graffiti começou na juventude, quando ela descobriu a arte urbana ao lado de amigos que também estavam iniciando na cena. Nessa época, ela já enfrentava os desafios comuns para as mulheres no graffiti: um ambiente majoritariamente masculino, onde o espaço para mulheres ainda era restrito. Contudo, a determinação e o talento a impulsionaram a seguir em frente, superando os obstáculos e consolidando-se como artista.

Para as mulheres, o acesso ao mundo do graffiti muitas vezes é mais difícil. Amanda comenta como, frequentemente, as meninas conheciam a arte de rua através de namorados ou amigos, pois o cenário não oferecia o mesmo acolhimento que os homens experimentavam. Além disso, questões familiares e sociais dificultam a entrada das mulheres nesse campo, o que torna histórias como a de Amanda ainda mais inspiradoras.

Ciente desses desafios, Amanda se engajou em criar um ambiente mais inclusivo para outras artistas. Esse desejo se materializou com a fundação da Rede Efêmmera, um coletivo que reúne artistas mulheres de diversas áreas ligadas à arte urbana. A Efêmmera nasceu como uma rede de apoio e incentivo, com o objetivo de profissionalizar o trabalho das mulheres na arte urbana e abrir portas para que outras artistas possam se desenvolver sem enfrentar as mesmas barreiras. Essa rede promove palestras, oficinas e ações culturais, fortalecendo a presença feminina nas ruas e, ao mesmo tempo, criando oportunidades reais de crescimento profissional para essas artistas.

Nas obras de Amanda, vemos figuras femininas fortes e expressivas, acompanhadas de frases que fazem referência a temas como liberdade e autossuficiência. Sua estética é marcante, unindo o charme do estilo old school de tatuagem com elementos visuais que remetem a dançarinas de cabaré, moda vintage e outras inspirações. Cada personagem feminina que ela cria é, em muitos sentidos, um símbolo da mulher que desafia normas, que ocupa espaços e que se expressa de forma livre e desinibida.

Amanda usa o graffiti como uma ferramenta de expressão e luta, criando uma arte que fala diretamente com outras mulheres. Em cada traço, ela dá visibilidade a essas figuras femininas que se destacam no espaço público, oferecendo novas narrativas e representações que são raras na arte de rua. Suas pinturas dialogam com a história das mulheres, suas lutas e conquistas, transformando o espaço urbano em uma galeria viva que celebra a força e a diversidade feminina.

Além de seu trabalho artístico, Amanda também atua na área de arte-educação, utilizando o graffiti como uma ferramenta de transformação social. Desde 2005, ela ministra oficinas e participa de projetos sociais voltados para jovens, compartilhando seus conhecimentos sobre o universo da arte de rua. Essa dedicação à arte-educação demonstra seu compromisso em devolver à sociedade o que aprendeu nas ruas, incentivando novas gerações a encontrar no graffiti um meio de expressão e empoderamento.

Hoje, Amanda Pankill é uma das figuras mais influentes do graffiti no Brasil, inspirando outras mulheres a se aventurarem e conquistarem seus espaços nas ruas. Seu trabalho é uma prova de que o graffiti não é apenas uma arte visual, mas também um ato de resistência e transformação social. Em suas criações, a artista traz para o público uma visão feminista e combativa, que celebra a liberdade e autonomia das mulheres.

Com projetos como a Rede Efêmmera e sua dedicação à arte-educação, Amanda continua a abrir caminhos para que outras mulheres possam se expressar e prosperar na arte urbana. A sua trajetória serve como um lembrete de que a arte é uma ferramenta poderosa para quebrar barreiras e construir um mundo mais inclusivo e diverso.

No universo do graffiti, onde as vozes femininas ainda precisam lutar por espaço, Amanda Pankill é uma referência de resiliência e talento, inspirando e empoderando mulheres a cada nova pintura. Sua arte é mais do que um trabalho visual; é uma celebração da força feminina nas ruas e um convite para que outras mulheres façam o mesmo.

Explore o universo do graffiti feminino com Amanda Pankill e inspire-se com histórias de luta e expressão nas ruas.

Quer saber mais sobre o impacto da arte urbana e como ela transforma vidas? Assista ao episódio completo 
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O Universo Visual de
Catarina Gushiken

Wallace A. Vivas
Explore o universo visual de Catarina Gushiken, artista que utiliza o corpo como tela para retratar memórias, ancestralidade e espiritualidade.

A obra de Catarina Gushiken é um convite a uma jornada visual e sensorial profunda. Em suas criações, a artista explora o corpo como tela, revelando uma fusão de ancestralidade e sensibilidade contemporânea que provoca o olhar e toca o íntimo. Entre pinceladas que evocam montanhas e traços que remetem à caligrafia asiática, Catarina constrói um universo visual que é, ao mesmo tempo, intensamente pessoal e universalmente ressonante. Mas o que torna essa linguagem estética tão única

Catarina frequentemente utiliza formas montanhosas para representar os contornos dos corpos que ela pinta. Esse recurso visual não é apenas uma escolha estética, mas carrega consigo significados profundos. Para a artista, as montanhas simbolizam raízes e permanência, ligadas às suas próprias heranças culturais japonesas e okinawanas. Elas remetem a uma fortaleza silenciosa e imutável, que testemunha e guarda as histórias da humanidade. Em sua obra, essas montanhas desenhadas no corpo representam não só as camadas físicas, mas também as emocionais, de cada pessoa que serve de tela.

Catarina denomina seu estilo como “Caligrafia Sensível”, uma forma de expressão que resgata o legado da caligrafia asiática, mas transforma esse traço clássico em algo mais fluido e contemporâneo. Pintando sobre o corpo humano, ela explora questões de identidade, diversidade e memória. Esse ato de escrever nas peles é como uma arqueologia íntima: as pinceladas não apenas cobrem, mas revelam, capturando fragmentos das histórias pessoais e das memórias ancestrais dos modelos.

Um ponto central no universo de Catarina é sua conexão espiritual com as raízes culturais. Sua herança de Okinawa e suas visitas ao Japão e à China reforçam essa jornada, trazendo um senso de pertencimento e contemplação que permeia sua arte. “É como se, ao pintar, eu também fosse pintada por essas memórias”, afirma Catarina. A artista encontra nas interações com outras culturas e nas trocas de experiências com comunidades como a indígena guarani um reflexo do seu próprio eu. Esses encontros são essenciais para que ela continue se reinventando e nutrindo seu processo criativo.

O trabalho de Catarina é também uma forma de espelhamento. Ao pintar os corpos dos outros, ela absorve e reflete as experiências dessas pessoas, criando uma rede de significados partilhados. Esse processo a leva a uma espécie de troca sincera e quase meditativa com o Outro, que não é apenas uma colaboração, mas uma expansão de suas próprias fronteiras emocionais e espirituais.

No universo de Catarina, memórias são como pigmentos que tingem suas paisagens corporais. Suas pinceladas são silenciosas, mas vibrantes, falando sem palavras sobre as raízes e as pluralidades que compõem sua própria identidade e a daqueles que caligrafa. Com o uso de uma estética de tons suaves e gestos contemplativos, suas obras parecem captar o instante e o eterno, criando um espaço visual que transcende o tempo e convida o espectador a um momento de introspecção.

O universo visual de Catarina Gushiken é um testemunho de como a arte pode ser ao mesmo tempo profundamente individual e coletivamente significativa. Entre montanhas e caligrafias, sua obra fala de uma busca espiritual e da força das memórias ancestrais que habitam em cada um de nós. Através de sua Caligrafia Sensível, Catarina continua a construir pontes entre o passado e o presente, entre o eu e o Outro, revelando a profunda beleza que existe na diversidade e nas camadas da existência humana.

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